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27 de set. de 2013

Cor do Solo

A cor dos solos é a sensação visual que se manifesta na presença da luz e, de certo modo, reflete a quantidade de matéria orgânica, o tipo de óxido de ferro presente, além da classe de drenagem do solo (PRADO, 1995). Relatos antigos de filósofos gregos e romanos evidenciam que desde aquela época os solos eram classificados pela sua coloração, sendo assim um dos métodos mais antigos de identificação dos solos. Como essa propriedade está intimamente ligada a características como o material de origem do solo e as condições climáticas predominantes, nessa época, associava-se a cor dos solos com a sua produtividade. Hoje, com o surgimento de metodologias para o estudo do solo  não se estima mais a fertilidade de um solo apenas pela sua coloração, pois  sabe-se que outros atributos como matéria orgânica e a mineralogia são mais precisos. No entanto, isso não torna menos importante o estudo da cor dos solos, visto que esta propriedade está intimamente relacionado aos constituintes do solo, principalmente à presença de óxidos de ferro e matéria orgânica, sendo, portanto, a cor, um importante indicador da composição e da gênese do solo. Podemos ainda considerar, que a avaliação da cor ganha destacada importância, na classificação de solos, onde muitos sistemas classificação as utilizam como atributo separador das unidades de solo (FAO, 1989; SOIL SURVEY STAFF, 1988). No Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006), a cor determina o nome de ARGISSOLOS, LATOSSOLOS e Nitossolos no segundo nível categórico.
A cor do solo é função, principalmente, da presença de óxidos de Fe e matéria orgânica, além de outros fatores, tais como: a umidade e o material de origem (FERNANDEZ; SCHULZE, 1992). Solos com cores escuras são caraterísticas de horizontes superficiais e em alguns horizontes subsuperficiais (iluviação) com alto teor de matéria orgânica Solos de cores vermelhas, amarelas e brunadas são atribuídas à presença de óxidos de ferro, enquanto que a presença de cores acinzentadas está relacionada aos ambientes hidromórficos onde ocorrem redução e remoção dos óxidos de ferro. As cores avermelhadas são atribuídas à presença de hematita e índices de avermelhamento são propostos para quantificar este óxido de ferro em solos (BARRON; TORRENT, 1986). A hematita, no entanto, é menos estável que a goethita e pode não ocorrer nos solos mais amarelados. Porém a goethita pode estar presente nos solos bastante avermelhados, em vista do acentuado poder de pigmentação da hematita. A hematita quando presente mesmo em pequenas quantidades consegue mascarar até o efeito da matéria orgânica. (RESENDE, 1976). Solos ricos em quartzo e pobres em matéria orgânica e óxidos de ferro apresentam cores claras e esbranquiçadas (AZEVEDO; DALMOLIN, 2004). Os solos que apresentam em seu perfil mais de uma cor são chamados de mosqueados sendo então necessário especificar a cor da massa dominante, e designar a cor ou cores das manchas, tamanho, nitidez e contraste das bordas das principais manchas de (MACEDO, 2006)
Com relação à drenagem, os solos podem apresentar as mais variadas cores, podendo ser um forte indicador de ambientes hidromórficos. Diante disso solos que apresentam coloração vermelha são típicos de áreas mais planas e ambientes bem drenados, os solos amarelados, ocorrem em áreas suavemente inclinadas com drenagem moderada, já os solos que apresentam má drenagem e típicos de áreas de baixada são geralmente acinzentados ou mosqueados devido ao intenso processo de redução do ferro sofrido por eles
Em campo, a cor do solo é determinada pela comparação visual de amostras secas e úmidas utilizando-se a carta de Munsell, onde será observado o matiz, o valor e o croma. O matiz tem estreita relação com as cores vermelho, amarelo e da mistura entre ambas, e que segundo a Embrapa (2006), essa pigmentação está relacionada principalmente aos teores de hematita e goetita do solo. O valor está relacionado com a luminosidade do solo, onde o valor mínimo é a ausência de luminosidade (preto) e o valor máximo a maior luminosidade (branco). O croma representa a intensidade ou pureza da cor em relação ao cinza (MUNSELL, 1905). Este sistema de identificação de cores é muito utilizado pelos pedólogos devido a sua fácil e rápida aplicação em trabalhos de campo. Entretanto, métodos de percepção visual apresentam subjetividade. Os fatores de maior efeito na subjetividade da interpretação da cor pelo olho humano são as características da luz incidente sobre o solo, características da superfície do solo e a qualidade da resposta espectral do olho humano, uma vez que não são fatores controlados (MELVILLE; ATKINSON, 1985; POST et al., 1993). A cor do solo determinada pelo olho humano, em função de características como capacidade de interpretação da cor e habilidade, particulares a cada observador, pode apresentar divergências quando diferentes pesquisadores determinam a cor de uma mesma amostra de solo. Em média, os pesquisadores tendem a superestimar os valores de matiz nas determinações utilizando a carta de Munsell. Determinações de cor fazendo uso de instrumentos, como colorímetros e radiômetros, capazes de interpretar a cor de um objeto a partir de sua interação com uma fonte de luz, produzem determinações mais exatas que a cor determinada pelo olho humano (POST et al., 1993). Kelly & Judd (1976) relatam que um observador experiente consegue expressar sua máxima capacidade em distinguir cores, apenas em condições de laboratório, com iluminação controlada, utilizando amostras devidamente preparadas e uma carta de Munsell completa. Campos (2001) sugere a substituição dos métodos convencionais de leitura de cor feitas com a carta de Munsell pela utilização de instrumentos mais avançados, tais como, o colorímetro visando a obtenção de determinações mais exatas da cor do solo.
Em geral, poucos estudos têm sido realizados para avaliar a variação entre pedólogos na determinação da cor do solo (POST et al., 1993). Tampouco sobre como esse atributo se relaciona com os constituintes do mesmo. Uma melhor compreensão da relação entre a cor e os atributos do solo deve ser buscada, sendo necessário para isso, investir no desenvolvimento de métodos mais eficientes para a determinação da cor do solo.
Referencias Bibliográficas
AZEVEDO, A.C.; DALMOLIN, R.S.D. Solos e ambiente: uma introdução. Santa Maria: Palotti, 2004. 100p
BARRON, V.; TORRENT, J. Use of the Kubelka-Munk theory to study the influence of iron oxides on soil colour.Journal of soil Science, Oxford, v.37, p.499-510, 1986.
EMBRAPA (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA). CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE SOLOS. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2.ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. 306p.
FAO. Mapa mundial de suelos: leyenda revisada. Rome. 1989. (Informes sobre Recursos Mundiales de Solos, 60).

FERNANDEZ, R.N. & SCHULZE, D.G. Munsell colors of soils simulated by mixtures of goethite and hematite with kaolinite. Zeitschrift. Pflanzenernähr Bodenk, 155:473-478, 1992.

KELLY, K. L.; JUDD, D. B. Color: universal language and dictionary of names. Washington: Natural Bureau of Standart. 1976 (Special Publication,440).

MELVILLE M.D.; ATKINSON, G. Soil color: its measurement and its designation in models of uniform color space. Journal of Soil Science, Ottawa, v.36, p.495-512, 1985.

MUNSELL, A.H. A color notation. Boston: G. H. Ellis, 1905. 90p.
POST, D.F.; BRYANT, R.B.; BATCHILY, A.K. & HUETE, A.R. Correlations betweem field and laboratory measurements of soil color. Madison, Soil Science Society of Agronomy, 1993. p.35-49. (SSSA Special Publication, 31)

PRADO, H. Solos tropicais – potencialidades limitações, manejo e capacidade de uso. Piracicaba – 1995. 166p

SOIL SURVEY STAFF. Soil survey manual. Washington: USDA, 1988. (USDA Handbook, 18).

Um comentário:

  1. Poxaaa até que enfim um texto bacana e muito bem interpretado. Estava penando buscando entender como a "distribuição do tamanho das partículas", segundo FERNANDEZ; SCHULZE (1992) influenciava na cor, mas você me esclareceu que se relacionava ao material de origem - que faz mais sentido e é mais entendível rs.

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