Follow Us @soratemplates

6 de out. de 2013

FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA

21:23 0 Comments
A ferrugem asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizie, é uma das doenças de maior importância da cultura da soja na atualidade, pelo grande potencial perdas na produtividade. Originária da Ásia onde, ocorre em diversos países da Ásia e na Austrália. Além da ferrugem asiática, a soja pode ser atacada pela ferrugem americana causada por Phakopsora meibomiae, sendo esta sem importância econômica.
A ferrugem asiática foi relatada pela primeira vez no Japão, em 1903. Posteriormente foi constatada em outros países da Ásia e na Austrália em 1934, na Índia em 1951 e no Havaí em 1994. No Continente Africano, foi detectada a partir de 1996, atingindo a Zâmbia e o Zimbábue em 1998, a Nigéria em 1999, Moçambique em 2000 e a África do Sul em 2001. Na América do Sul surgiu em 2001, infectando campos no Paraguai, e, em 2002, na Argentina. Em novembro de 2004, a ferrugem asiática foi encontrada infectando campos de soja nos Estados Unidos, o último grande país produtor de soja onde ainda não havia sido encontrada a doença.
No Brasil, a doença foi encontrada no final da safra de 2000/2001, no estado do Paraná, e vem aumentando sua área de ocorrência a cada ano, disseminando-se rapidamente para outros Estados do Brasil. Na safra 2002, a doença foi relatada nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, e na safra 2003/04 ocorreu de forma generalizada, em quase todo o País, causando prejuízos consideráveis em várias regiões produtoras. É atualmente um dos maiores problemas da cultura na região dos Cerrados Brasileiros, especialmente em Mato Grosso, onde têm sido necessárias excessivas pulverizações de fungicidas para controlar a doença. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com exceção de Roraima, todos os Estados que possuem cultivo de soja já foram atingidos pela doença, envolvendo uma área de 22 milhões de hectares. No sul do Brasil, epidemias severas têm sido esporádicas, porém vem sendo detectada cada vez mais cedo durante a safra.
Essa doença tem sido estudada no continente Asiático há mais de trinta anos. Danos na produtividade na ordem de 30 a 80% já foram relatados, porém o volume dos danos depende de quando a doença se inicia e quão rápido ela progride. Em Taiwan, onde já causou sérios problemas para a cultura da soja, verificou-se que a ferrugem asiática pode reduzir a produção em 18% a 91%.
A severidade da doença está em função das variações nas condições do ambiente, de ano para ano, estação para estação e de local para local. A concentração inicial de inóculo não reflete na severidade da doença. Cultivares resistentes ou tolerantes sofrem quedas de produção bem menores do que as suscetíveis, porém a resistência genética pode ser perdida com o tempo. Além disto, as cultivares resistentes não são necessariamente as mais produtivas.
O patógeno da ferrugem asiática (Phakopsora  pachyrhizi) encontrou condições climáticas favoráveis de desenvolvimento no Brasil, o que justifica a rápida disseminação nas regiões produtoras de soja e a severidade com que a ferrugem vem ocorrendo em todo o País.

José Luis da Silva Nunes
Eng. Agrº, Dr. em Fitotecnia

4 de out. de 2013

ANTRACNOSE FEIJOEIRO

08:56 0 Comments
Antracnose 

A antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum, apresenta ampla distribuição no Brasil, especialmente nas Regiões Sul e Sudeste e em áreas serranas como as da região sul de Minas Gerais. Nessa região, as ocorrências freqüentes de temperaturas moderadas, aliadas à alta umidade, favorecem o desenvolvimento da doença.
As perdas causadas pela antracnose são mais severas quando a doença ocorre no início da cultura. Se as condições ambientais forem favoráveis ao desenvolvimento do patógeno, as perdas podem chegar a 100%, além de provocar a depreciação da qualidade dos grãos.

Sintomas
Os sintomas da antracnose são visualizados em todas as partes da planta (Figura 1). Se forem utilizadas sementes contaminadas pelo patógeno, lesões marrom-escuras ou negras podem ser observadas nos cotilédones logo após a emergência das plântulas. No caule e no pecíolo, as lesões têm formato elíptico, são deprimidas e escuras. Nas folhas, os sintomas mais característicos são observados na face inferior das folhas, como um escurecimento ao longo das nervuras, podendo também ocorrer necrose nas áreas adjacentes às nervuras. Nas vagens, onde os sintomas são mais típicos e fáceis de serem observados, ocorrem lesões arredondadas, de coloração escura, deprimidas e de tamanho variável. No centro das lesões pode aparecer uma massa de coloração rósea ocasionada pela produção de esporos do fungo. Algumas vagens podem chegar a murchar e secar. As sementes infectadas apresentam lesões escuras e deprimidas, de tamanhos variáveis.



                                          Fig.1. Sintomas de antracnose em folhas,                                     vagens e grãos do feijoeiro.

                               Foto: Carlos A. Rava
                                  Embrapa Arroz e Feijão

Epidemiologia
As condições favoráveis ao desenvolvimento do patógeno da antracnose são as temperaturas moderadas, entre 15oC e 22oC, associadas à alta umidade relativa do ar, por um período de seis a nove horas. O patógeno sobrevive em restos de cultura e no interior das sementes, o que possibilita sua transmissão de um plantio para outro e para longas distâncias. Pode também ser transmitido pelo vento e por respingos de água de chuva.

Controle
A utilização de sementes sadias e tratadas com fungicidas é uma estratégia importante e eficiente para o controle da antracnose. Contudo, a forma mais econômica de controle dessa doença é a utilização de cultivares resistentes, razão pela qual os programas de melhoramento do feijão no Estado têm como um de seus principais objetivos a obtenção de cultivares resistentes ao C. lindemuthianum.
Outras alternativas para conter a antracnose são o controle químico com fungicidas (Tabela 1) e a rotação de culturas, que reduz o inóculo inicial que sobrevive no solo.


2 de out. de 2013

CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE PLANTAS

12:09 0 Comments
Doença é resultante da interação entre hospedeiro, agente causal e ambiente. Diversos critérios, baseados no hospedeiro e/ou no agente causal, têm sido usados para classificar doenças de plantas.
Quando o hospedeiro é tomado como referência, a classificação reúne as doenças que ocorrem numa determinada espécie botânica. Desta forma tem-se, por exemplo, as doenças do feijoeiro, do tomateiro, da cana-de-açúcar, etc. Esse tipo de classificação tem um caráter eminentemente prático, pois é de interesse dos técnicos envolvidos com cada cultura específica.
Outra possibilidade, ainda ligada ao hospedeiro, é classificar doenças de acordo com a parte ou idade da planta atacada. Assim, as doenças podem ser agrupadas, por exemplo, em doenças de raiz, de colo, de parte aérea, etc.
A classificação de doenças tomando por base a natureza dos patógenos define os grupos de doenças causadas por fungos, por bactérias, por vírus, etc. Este sistema de classificação tem como ponto desfavorável agregar, num mesmo grupo, patógenos que, apesar da proximidade taxonômica, atuam de forma diferente em relação à planta. Como evidência, pode-se mencionar o contraste entre uma bactéria que provoca murcha (Ralstonia solanacearum, por exemplo), cujo controle estaria mais próximo de uma murcha causada por fungo (Fusarium oxysporum, por exemplo), e outra bactéria que causa podridão em órgãos de armazenamento (Erwinia carotovora, por exemplo). Esta última teria, do ponto de vista do controle, maior similaridade com um fungo causador de podridão, como Rhizopus, por exemplo.
O processo doença envolve alterações na fisiologia do hospedeiro. Com base neste aspecto, George L. McNew, em 1960, propôs uma classificação para as doenças de plantas baseada nos processos fisiológicos vitais da planta interferidos pelos patógenos. Os processos fisiológicos vitais de uma planta, em ordem cronológica, podem ser resumidos nos seguintes:

I - Acúmulo de nutrientes em órgãos de armazenamento para o desenvolvimento de tecidos embrionários.
II - Desenvolvimento de tecidos jovens às custas dos nutrientes armazenados.
III - Absorção de água e elementos minerais a partir de um substrato.
IV - Transporte de água e elementos minerais através do sistema vascular.
V - Fotossíntese.
VI - Utilização, pela planta, das substâncias elaboradas através da fotossíntese.

Assim, de acordo com McNew, o desenvolvimento de uma planta a partir de uma semente contida num fruto envolveria várias etapas seqüenciais, como o apodrecimento do fruto para a liberação da semente; o desenvolvimento dos tecidos embrionários da semente a partir das reservas da mesma; a formação dos tecidos jovens, como radícula e caulículo, ainda a partir das reservas nutricionais da semente; a absorção de água e minerais pelas raízes; o transporte de água e nutrientes minerais através dos vasos condutores; o desenvolvimento das folhas, que passam a realizar fotossíntese, tornando a planta independente das reservas da semente; o desenvolvimento completo da planta, tanto vegetativa como reprodutivamente, graças aos materiais sintetizados por ela.
Considerando que estes processos vitais podem sofrer interferências provocadas por diferentes patógenos, McNew propôs grupos de doenças correspondentes:

§ Grupo I - Doenças que destroem os órgãos de armazenamento
§ Grupo II - Doenças que causam danos em plântulas
§ Grupo III - Doenças que danificam as raízes
§ Grupo IV - Doenças que atacam o sistema vascular
§ Grupo V - Doenças que interferem com a fotossíntese
§ Grupo VI - Doenças que alteram o aproveitamento das substâncias fotossintetizadas

Esta classificação é conveniente pois, apesar de diferentes patógenos atuarem sobre um mesmo processo vital, o modo de ação dos mesmos em relação ao hospedeiro envolve procedimentos semelhantes (Tabela 1). Assim, diversos fungos e diversas bactérias podem causar lesões em folhas; a doença provocada por estes patógenos, porém, interfere no mesmo processo fisiológico vital, ou seja, a fotossíntese. Em adição, doenças pertencentes a um mesmo grupo apresentam características semelhantes quanto às diversas fases do ciclo de relações patógeno-hospedeiro, não raro apresentando idênticas medidas para seu controle.
Finalmente, este sistema de classificação permite, também, uma ordenação dos agentes causais de doença segundo os graus de agressividade, parasitismo e especificidade (Fig. 1). Assim, de um modo geral, à medida que se caminha do grupo I para o grupo VI, constata-se menor grau de agressividade no patógeno, maior grau de evolução no parasitismo e maior especificidade do patógeno em relação ao hospedeiro. Em relação à agressividade, os patógenos dos grupos I e II apresentam alta capacidade destrutiva, pois em curto espaço de tempo provocam a morte do órgão ou da planta atacada; são organismos saprofíticos que, através de toxinas, levam, antes, o tecido à morte para, depois, colonizá-lo. Quanto à evolução do parasitismo, os patógenos encontrados nos grupos V e VI são considerados mais evoluídos, pois convivem com o hospedeiro, não provocando sua rápida destruição; ao invés de toxinas, estes patógenos, geralmente, produzem estruturas especializadas em retirar nutrientes diretamente da célula sem, no entanto, provocar sua morte imediata. A especificidade dos patógenos em relação ao hospedeiro também aumenta do grupo I para o VI. Nos primeiros grupos é comum a ocorrência de patógenos capazes de atacar indistintamente uma grama de diferentes hospedeiros; por outro lado, nos últimos grupos estão presentes patógenos que causam doença apenas em determinadas espécies vegetais. A ocorrência de raças patogênicas, com especificidade a nível de cultivar, são de comum ocorrência nesses grupos superiores.


1 de out. de 2013

Conceito e História da Fitopatologia

09:53 0 Comments
1. CONCEITO 
Fitopatologia é uma palavra de origem grega (phyton = planta, pathos = doença e logos = estudo), podendo ser definida como a ciência que estuda: 
• os organismos e as condições ambientais que causam doenças em plantas; 
• os mecanismos pelos quais esses fatores produzem doenças em plantas; 
• a interação entre agentes causando doenças e a planta doente; 
• os métodos de prevenção ou controle de doenças, visando diminuir os danos causadas por estas. 
 Portanto, Fitopatologia é a ciência que estuda as doenças de plantas, abrangendo todos os seus aspectos, desde a diagnose, sintomatologia, etiologia, epidemiologia, até o seu controle. 
 No inicio, a Fitopatologia era uma ciência ligada diretamente à Botânica, tornando-se uma disciplina autônoma somente no século passado. Embora autônoma, a Fitopatologia usa os conhecimentos básicos e técnicas de Botânica, Microbiologia, Micologia, Bacteriologia, Virologia, Nematologia, Anatomia Vegetal, Fisiologia Vegetal, Ecologia, Bioquímica, Genética, Biologia Molecular, Engenharia Genética, Horticultura, Solos, Química, Física, Meteorologia, Estatística e vários outros ramos da ciência. 

2. HISTORIA DA FITOPATOLOGIA
 A historia da Fitopatologia pode ser dividida em cinco fases ou períodos: Período Místico, Período da Predisposição, Período Etiológico, Período Ecológico e Período Fisiológico

2.1. Período Místico
 Compreende desde a mais remota antigüidade até o início do século XIX. Esse período é assim denominado devido ao homem, não encontrando explicação racional, atribuía as doenças de plantas a causas místicas. Encontram-se na Bíblia as informações mais antigas sobre doenças de plantas, atribuídas a causas místicas, apresentadas como castigos divinos. As ferrugens dos cereais, doenças em videiras, figueiras e outras plantas causaram fome, morte e até revoluções. Os hebreus e, sobretudo, os gregos e romanos viveram estes problemas, de modo que filósofos e estudiosos dedicaram atenção às doenças de  plantas. Assim, na antiga Grécia, Aristóteles e Teofrasto especularam sobre a origem das doenças de plantas e seus métodos de cura. Teofrasto, chamado "Pai da Botânica", procurou inclusive classificar as enfermidades de plantas em doenças externas e internas, além de estudar e escrever sobre doenças de árvores, cereais e legumes.
 Os romanos, como Plínio e Columella, agrônomos da antigüidade, fizeram observações importantes sobre as enfermidades, principalmente a ferrugem e o carvão do trigo. A ferrugem do trigo era atribuída ao castigo que o Deus Robigo infringia aos homens devido às suas ações. Entre os romanos, a "Robigalia" era uma festa religiosa celebrada anualmente em louvor a Robigo, pedindo sua clemência e proteção. A festa consistia no sacrifício de animais domésticos em vários locais dos campos de trigo.
 Durante a Idade Média, as referências sobre doenças de plantas são esparsas. As mais importantes devem-se aos árabes radicados na Espanha, onde Ibn-El-Awn, no século X, em Sevilha, publicou um catálogo sobre doenças das plantas, detalhando enfermidades das árvores frutíferas, incluindo a videira.
 No final do período místico, botânicos faziam descrições de sintomas das doenças de plantas. Com o progresso da Micologia, a atenção foi despertada para a associação fungo-planta doente.
Desta forma, Tillet (1714-1791) atribuiu ser um fungo a causa da cárie do trigo. Targioni-Tozzetti, em 1767, considerou também serem os fungos os agentes causais de ferrugens e carvões, os quais cresciam sob a epiderme das folhas das plantas.
No entanto, durante esse período houve predominância marcante das teorias amparadas na geração espontânea e na perpetuidade das espécies, esta proposta por Linnaeus quando da apresentação do seu sistema de classificação binomial. As doenças eram então apresentadas com base na sintomatologia e classificadas pelo sistema binomial de Linnaeus.

2.2. Período da Predisposição
 Inicia-se no começo do século XIX, quando tornou-se evidente a associação entre fungos e plantas doentes. O suíço Prevost, em 1807, na Franca, publica o seu trabalho que mostra ser Tillettia caries o agente causal da cárie do trigo, confirmando assim as idéias de Tillet. No entanto,o trabalho de Prevost foi refutado pelos que defendiam a teoria da geração espontânea.
Dentro desse espírito, um botânico alemão Unger, em 1833, apresentou sua teoria pela qual as doenças seriam o resultado de distúrbios funcionais provenientes de desordens nutricionais que predispunham os tecidos da planta a produzirem fungos, como excrescências que neles se desenvolviam por geração expontânea. Assim, seriam as doenças que produziam microrganismos e não estes os responsáveis pelas doenças.

2.3. Período Etiológico

 Em 1853, De Bary iniciou este período quando propôs serem as doenças de plantas de natureza parasitária, baseado nos estudos sobre a requeima da batata, provando cientificamente que o fungo Phytophthora infestans era o agente causal. As idéias de De Bary revolucionaram os conceitos da época e as suas teorias foram aceitas por nomes destacados como Berkeley, Tulasne, Kühn e outros. Nos anos subsequentes aos trabalhos de De Bary, os fitopatologistas se dedicaram em provar a natureza parasitária das doenças.
 Em 1860, Pasteur destrói a teoria da geração espontânea, iniciando o período áureo da Microbiologia e provando a origem bacteriana de várias doenças em homens e animais. As técnicas de esterilização, isolamento e purificação de microrganismos utilizadas por Pasteur favoreceram, em muito, as pesquisas fitopatológicas.
Em 1870, o alemão Draenert constatou no Nordeste do Brasil a primeira bacteriose de planta, conhecida como gomose da cana-de-açúcar. Por falta de divulgação, visto somente ter sido noticiado no "Jornal da Bahia", a ciência atribuiu a Burril, em 1877, o primeiro relato sobre bacteriose de plantas. Este mostrou que o crestamento da macieira e pereira era induzido por uma bactéria, hoje denominada Erwinia amylovora. Posteriormente, em 1890, Smith provou que varias doenças de plantas eram causadas por bactérias, incluindo a murcha das solanáceas e cucurbitáceas.
 Em 1874, Koch estabelece seus postulados, há anos enunciados por Herle. Através deles torna-se possível provar, experimentalmente, a patogenicidade dos microrganismos. Koch aperfeiçoou ainda as técnicas de isolamento de microrganismos e adotou os meios de cultura sólidos para cultivo de fungos e bactérias. Assim, a Fitopatologia aos poucos marca notáveis progressos, iniciando-se como ciência. A maioria das doenças importantes são descritas neste período, como os oídios, míldios, ferrugens e carvões.
As doenças de vírus foram estudadas por muitos anos, antes de ser conhecida sua natureza. Mayer, em 1886, publicou um relato sobre uma doença do fumo que ele chamou de "mosaico". Mayer descobriu que quando macerava o tecido de uma folha doente e injetava o suco na folha sadia, a planta mostrava sintomas típicos da doença 10 dias após a inoculação. Este foi o primeiro registro conhecido sobre a transmissão mecânica experimental de uma doença causada por vírus. O agente causal do mosaico do fumo era invisível ao microscópio comum, filtrável, incapaz de ser  cultivado em meio de cultura e a infectividade era destruída quando submetido a uma temperatura de 70ºC por algumas horas.
Em 1898, Beijerinck foi o primeiro a mencionar a expressão "contagium vivum fluidum". Ele verificou que uma pequena quantidade de seiva infectada com o mosaico do fumo era suficiente para inocular varias plantas. Ele demonstrou que a entidade infecciosa multiplicava-se na planta infectada e chamou de um vírus em sua publicação. Somente em 1935, Stanley, no Instituto Rockefeller, verificou que os cristais do vírus do mosaico do fumo não se modificavam após 10 cristalizações sucessivas. As moléculas eram grandes e 100 vezes mais infecciosas do que o suco de folhas de fumo infectadas. A princípio ele pensou serem os cristais constituídos de proteína pura. Hoje sabe-se que as partículas de vírus são constituídas de uma capa protéica contendo ácido ribonucleico (RNA) nas plantas e alguns animais, e ácido desoxiribonucleico (DNA) em bacteriofagos e na maioria das viroses de animais. Embora fora deste período, mas apenas como ilustração, em 1971, um novo grupo de patógenos foi determinado por Diener, os viróides, os quais são pequenas moléculas de RNA sem proteção protéica.
Ainda em 1868, dois franceses, Nocard e Roux isolaram e cultivaram micoplasma, agente da pleuropneumonia bovina, em meio de cultura. Em 1967, Doi e Ishii, no Japão, observaram este tipo de organismo no floema de plantas infectadas com doenças transmitidas por cigarrinhas. Eles também demonstraram que estes sintomas regrediam quando tetraciclina era aplicada. Muitas das doenças causadas por organismos tipo micoplasmas eram antes tidas como causadas por vírus.
Com relação aos nematóides, Berkeley, em 1855, descobriu que as galhas existentes nas raízes de plantas de pepino eram causadas por estes organismos. Posteriormente, Goeldi, em 1887, criou o gênero Meloidogyne para conter uma espécie que atacava café, denominada M. exígua. Este gênero foi revalidado em 1949 por Chitwood, para conter as espécies formadoras de galhas. Porem, Cobb, um zoólogo norte-americano, com seus estudos sobre taxonomia, morfologia e metodologia, é considerado o grande propulsor da Fitonematologia. Hoje a Nematologia constitui uma disciplina importante, abrangendo varias espécies pertencentes a diferentes gêneros. Atualmente, sabe-se da existência de complexos de doenças formados pela presença de nematóides fitoparasitas em combinação com fungos, bactérias, vírus e outros nematóides. Estas interações aumentam a severidade das doenças, tornando-as mais destrutivas.
Ainda no período etiológico, foi formulado o primeiro fungicida eficiente no controle das doenças de plantas, a calda bordalesa, por Millardet, na França, em 1882.

2.4. Período Ecológico
 Em 1874, Sorauer teve o mérito de separar as doenças parasitárias das não parasitárias ou fisiológicas em seu livro "Handbook of Plant Diseases". A partir de então, doença parasitária passou a ser entendida como resultante da interação hospedeiro-patógeno-ambiente, sendo reconhecida pela primeira vez a importância dos fatores ecológicos sobre as doenças de plantas.
Neste período foram conduzidos estudos sobre diversos aspectos do meio, como fatores climáticos, edáficos e nutricionais, além de outros. No período ecológico foram iniciados os estudos sobre epidemiologia, sobrevivência do patógeno, disseminação, penetração, colonização, condições predisponentes, ciclo biológico, etc. Paralelamente, foram iniciadas as pesquisas sobre resistência e predisposição das plantas aos diferentes patógenos e também estudos sobre melhoramento visando resistência às doenças. Dentro deste período apareceram os primeiros conceitos de raças fisiológicas, ficando esclarecido o importante papel do ambiente tanto na resistência das plantas como na variabilidade do patógeno. Também nessa época, graças aos trabalhos de Riehm, em 1913, apareceram os fungicidas mercuriais orgânicos para o tratamento de sementes. Em 1934, graças a Tisdalle e Williams, apareceram os fungicidas orgânicos do grupo dos tiocarbamatos, atingindo a Fitopatologia seu valor prático, ou seja, o controle de doenças.

2.5. Período Fisiológico
De 1940 a 1950 foram conduzidas pesquisas básicas sobre fisiologia de fungos e das plantas e, com a evolução da Fisiologia, da Microbiologia e da Bioquímica, surgiram novas teorias sobre a relação planta x patógeno e a sua resultante - a doença. Com a publicação do livro "Principles of Plant Infection", por Gaümann, em 1946, foi iniciado o período atual da Fitopatologia, ou período fisiológico, no qual as doenças de plantas passam a ser encaradas com base nas relações fisiológicas entre hospedeiro e patógeno, como um processo dinâmico no qual ambos se influenciam mutuamente.

A engenharia genética aplicada às plantas tem proporcionado importantes conhecimentos e técnicas que contribuem para o avanço da Fitopatologia na atualidade. Uma das aplicações iniciais da cultura de tecidos foi no estudo de tumores de plantas causadas por Agrobacterium tumefaciens, tendo sido obtida a primeira cultura de tecidos livre da bactéria por White e Braun, em 1942. Desde então, a aplicação da cultura de tecidos para obtenção de plantas livres de patógenos é intensivamente utilizada. Protoplastos de plantas são usados para estudar infecções e replicações de vírus, ação de toxinas, bem como, através de fusão, para regenerar plantas ou obter novos híbridos somáticos que exibam diferentes graus de resistência a vários patógenos. Técnicas de engenharia genética também tornaram possível a elucidação da natureza de tumores induzidos em galha da coroa, e da recombinação genética de vírus e bactérias de plantas. Com o sucesso alcançado no uso de Agrobacterium sp. e de certos vírus como vetores de material genético estranho para plantas, é esperada a abertura de uma era inteiramente nova na transformação genética de plantas.

27 de set. de 2013

Cor do Solo

21:27 1 Comments
A cor dos solos é a sensação visual que se manifesta na presença da luz e, de certo modo, reflete a quantidade de matéria orgânica, o tipo de óxido de ferro presente, além da classe de drenagem do solo (PRADO, 1995). Relatos antigos de filósofos gregos e romanos evidenciam que desde aquela época os solos eram classificados pela sua coloração, sendo assim um dos métodos mais antigos de identificação dos solos. Como essa propriedade está intimamente ligada a características como o material de origem do solo e as condições climáticas predominantes, nessa época, associava-se a cor dos solos com a sua produtividade. Hoje, com o surgimento de metodologias para o estudo do solo  não se estima mais a fertilidade de um solo apenas pela sua coloração, pois  sabe-se que outros atributos como matéria orgânica e a mineralogia são mais precisos. No entanto, isso não torna menos importante o estudo da cor dos solos, visto que esta propriedade está intimamente relacionado aos constituintes do solo, principalmente à presença de óxidos de ferro e matéria orgânica, sendo, portanto, a cor, um importante indicador da composição e da gênese do solo. Podemos ainda considerar, que a avaliação da cor ganha destacada importância, na classificação de solos, onde muitos sistemas classificação as utilizam como atributo separador das unidades de solo (FAO, 1989; SOIL SURVEY STAFF, 1988). No Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006), a cor determina o nome de ARGISSOLOS, LATOSSOLOS e Nitossolos no segundo nível categórico.
A cor do solo é função, principalmente, da presença de óxidos de Fe e matéria orgânica, além de outros fatores, tais como: a umidade e o material de origem (FERNANDEZ; SCHULZE, 1992). Solos com cores escuras são caraterísticas de horizontes superficiais e em alguns horizontes subsuperficiais (iluviação) com alto teor de matéria orgânica Solos de cores vermelhas, amarelas e brunadas são atribuídas à presença de óxidos de ferro, enquanto que a presença de cores acinzentadas está relacionada aos ambientes hidromórficos onde ocorrem redução e remoção dos óxidos de ferro. As cores avermelhadas são atribuídas à presença de hematita e índices de avermelhamento são propostos para quantificar este óxido de ferro em solos (BARRON; TORRENT, 1986). A hematita, no entanto, é menos estável que a goethita e pode não ocorrer nos solos mais amarelados. Porém a goethita pode estar presente nos solos bastante avermelhados, em vista do acentuado poder de pigmentação da hematita. A hematita quando presente mesmo em pequenas quantidades consegue mascarar até o efeito da matéria orgânica. (RESENDE, 1976). Solos ricos em quartzo e pobres em matéria orgânica e óxidos de ferro apresentam cores claras e esbranquiçadas (AZEVEDO; DALMOLIN, 2004). Os solos que apresentam em seu perfil mais de uma cor são chamados de mosqueados sendo então necessário especificar a cor da massa dominante, e designar a cor ou cores das manchas, tamanho, nitidez e contraste das bordas das principais manchas de (MACEDO, 2006)
Com relação à drenagem, os solos podem apresentar as mais variadas cores, podendo ser um forte indicador de ambientes hidromórficos. Diante disso solos que apresentam coloração vermelha são típicos de áreas mais planas e ambientes bem drenados, os solos amarelados, ocorrem em áreas suavemente inclinadas com drenagem moderada, já os solos que apresentam má drenagem e típicos de áreas de baixada são geralmente acinzentados ou mosqueados devido ao intenso processo de redução do ferro sofrido por eles
Em campo, a cor do solo é determinada pela comparação visual de amostras secas e úmidas utilizando-se a carta de Munsell, onde será observado o matiz, o valor e o croma. O matiz tem estreita relação com as cores vermelho, amarelo e da mistura entre ambas, e que segundo a Embrapa (2006), essa pigmentação está relacionada principalmente aos teores de hematita e goetita do solo. O valor está relacionado com a luminosidade do solo, onde o valor mínimo é a ausência de luminosidade (preto) e o valor máximo a maior luminosidade (branco). O croma representa a intensidade ou pureza da cor em relação ao cinza (MUNSELL, 1905). Este sistema de identificação de cores é muito utilizado pelos pedólogos devido a sua fácil e rápida aplicação em trabalhos de campo. Entretanto, métodos de percepção visual apresentam subjetividade. Os fatores de maior efeito na subjetividade da interpretação da cor pelo olho humano são as características da luz incidente sobre o solo, características da superfície do solo e a qualidade da resposta espectral do olho humano, uma vez que não são fatores controlados (MELVILLE; ATKINSON, 1985; POST et al., 1993). A cor do solo determinada pelo olho humano, em função de características como capacidade de interpretação da cor e habilidade, particulares a cada observador, pode apresentar divergências quando diferentes pesquisadores determinam a cor de uma mesma amostra de solo. Em média, os pesquisadores tendem a superestimar os valores de matiz nas determinações utilizando a carta de Munsell. Determinações de cor fazendo uso de instrumentos, como colorímetros e radiômetros, capazes de interpretar a cor de um objeto a partir de sua interação com uma fonte de luz, produzem determinações mais exatas que a cor determinada pelo olho humano (POST et al., 1993). Kelly & Judd (1976) relatam que um observador experiente consegue expressar sua máxima capacidade em distinguir cores, apenas em condições de laboratório, com iluminação controlada, utilizando amostras devidamente preparadas e uma carta de Munsell completa. Campos (2001) sugere a substituição dos métodos convencionais de leitura de cor feitas com a carta de Munsell pela utilização de instrumentos mais avançados, tais como, o colorímetro visando a obtenção de determinações mais exatas da cor do solo.
Em geral, poucos estudos têm sido realizados para avaliar a variação entre pedólogos na determinação da cor do solo (POST et al., 1993). Tampouco sobre como esse atributo se relaciona com os constituintes do mesmo. Uma melhor compreensão da relação entre a cor e os atributos do solo deve ser buscada, sendo necessário para isso, investir no desenvolvimento de métodos mais eficientes para a determinação da cor do solo.
Referencias Bibliográficas
AZEVEDO, A.C.; DALMOLIN, R.S.D. Solos e ambiente: uma introdução. Santa Maria: Palotti, 2004. 100p
BARRON, V.; TORRENT, J. Use of the Kubelka-Munk theory to study the influence of iron oxides on soil colour.Journal of soil Science, Oxford, v.37, p.499-510, 1986.
EMBRAPA (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA). CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE SOLOS. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2.ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. 306p.
FAO. Mapa mundial de suelos: leyenda revisada. Rome. 1989. (Informes sobre Recursos Mundiales de Solos, 60).

FERNANDEZ, R.N. & SCHULZE, D.G. Munsell colors of soils simulated by mixtures of goethite and hematite with kaolinite. Zeitschrift. Pflanzenernähr Bodenk, 155:473-478, 1992.

KELLY, K. L.; JUDD, D. B. Color: universal language and dictionary of names. Washington: Natural Bureau of Standart. 1976 (Special Publication,440).

MELVILLE M.D.; ATKINSON, G. Soil color: its measurement and its designation in models of uniform color space. Journal of Soil Science, Ottawa, v.36, p.495-512, 1985.

MUNSELL, A.H. A color notation. Boston: G. H. Ellis, 1905. 90p.
POST, D.F.; BRYANT, R.B.; BATCHILY, A.K. & HUETE, A.R. Correlations betweem field and laboratory measurements of soil color. Madison, Soil Science Society of Agronomy, 1993. p.35-49. (SSSA Special Publication, 31)

PRADO, H. Solos tropicais – potencialidades limitações, manejo e capacidade de uso. Piracicaba – 1995. 166p

SOIL SURVEY STAFF. Soil survey manual. Washington: USDA, 1988. (USDA Handbook, 18).

26 de set. de 2013

Biopesticida de bactérias promete reduzir os custos com a prevenção de pragas pela metade

08:40 0 Comments
Cientistas da Universidade de Dhaka (Bangladesh) anunciaram a criação de um biopesticida de bactérias que promete reduzir os custos com a prevenção de pragas pela metade. De acordo com os pesquisadores do Departamento de Microbiologia e do Centro de Pesquisas Avançadas em Ciências (CARS), o produto não agride o meio ambiente e pode diminuir a utilização de químicos praticamente ao nível zero.

“Fizemos o pesticida a partir de bactérias Bacillus thuringiensis (Bt), produzida através de uma metodologia especial”, afirmou o líder da equipe de pesquisa, professor Dr. Mozammel Hoq. Segundo ele, o elemento já foi testado experimentalmente em hortaliças como a berinjela, o repolho, a couve-flor e alguns outros vegetais, com resultados muito positivos.

“Substâncias químicas tóxicas e nocivas estão entrando em nossa cadeia alimentar devido ao uso de pesticidas prejudiciais, o que é alarmante não só para humanos, mas também para a pecuária e pesca, bem como para o meio ambiente. A utilização deste biopesticida [criado por sua equipe] pode ajudar a remover a poluição química em nossa cadeia alimentar”, justifica o especialista.

O especialista em agricultura e presidente do Subaltern Communication Research Centre, Jahan Delowar, explica que “durante a esporulação, muitas cepas de Bt produzem proteínas cristalinas que têm ação inseticida. Isto levou à sua utilização como inseticidas e na engenharia genética para culturas como berinjela Bt ou algodão Bt”.

A equipe de investigação também contou com a presença dos professores doutores Shakila Nargis Khan, Asaduzzaman Sisir , Arafat Al Mamun , Md Nahinur Rahman Akand e Nusrat Khandker


Fonte:
Autor: Leonardo Gottems

9 de set. de 2013

Textura do Solo

21:03 0 Comments
A textura ou granulometria refere-se à  proporção de argila, silte e areia do solo. Dessas frações, a argila é a que possui maior superfície específica e é de natureza coloidal com alta retenção de cátions e adsorção de fósforo. A fração argila representa a maior parte da fase sólida do solo e é constituída de uma gama variada de minerais (minerais de argila) que apresentam cargas elétricas negativas responsáveis pela capacidade de troca de cátions (CTC).
Não só a classificação do solo depende diretamente do teor de argila ao longo do perfil, mas também o manejo de solo. Na classificação do solo no nível hierárquico de ordem examina-se o gradiente textural como um dos itens principais; e o manejo do solo (doses de fertilizantes, corretivos e herbicidas) depende do grau de compactação, da disponibilidade de água e da capacidade de troca de cátions da fração argila.
Nos solos do Brasil o teor de silte geralmente não são elevado exceto para a maioria dos Cambissolos. Os solos arenosos apresentam menor disponibilidade de água ao longo do perfil, mas não significa que os solos argilosos ou muito argilosos possuem a maior disponibilidade hídrica. Pois, os Latossolos ácricos possuem elevado teor de argila e são muito ressecados por causa da forte microagregação da argila, que é consequência do elevado grau de floculação dessa fração.
Os teores de areia fina quando são muito maiores do que os de areia grossa contribuem para o aumento da disponibilidade de água no perfil. Na escala de Atterberg, a argila corresponde a partículas de diâmetro < 0,002 mm; o silte 0,002 - 0,02 mm; a areia fina de 0,02- 0,2 mm; e a areia grossa de 0,2-2,0 mm. A figura 1 apresenta os intervalos de argila e a respectiva classificação do solo.
Figura 1.Intervalos dos teores de argila.
Figura 1. Intervalos dos teores de argila.



Fonte: Pedologia Fácil

16 de ago. de 2013

Classificação de Solos- Horizontes Diagnósticos Subsuperficiais

20:28 3 Comments
Horizonte B textural - horizonte mineral com textura franco arenosa ou mais fina, com incremento de argila, orientada ou não, desde que não exclusivamente por descontinuidade de material originário. O conteúdo de argila do horizonte B textural é maior que o do horizonte A ou E e pode, ou não, ser maior que o do horizonte C. A espessura do B textural deve atender uma das condições a seguir:
a) ter pelo menos 10% da soma das espessuras dos horizontes sobrejacentes e no mínimo 7,5cm; ou
b) ter 15cm ou mais, se os horizontes A e B somarem mais que 150cm; ou
c) ter 15cm ou mais, se a textura do horizonte E ou A for areia franca ou areia; ou
d) se o horizonte B for constituído por lamelas, estas devem ter, em conjunto, espessura superior a 15cm; ou
e) se a textura for média ou argilosa, o horizonte B textural deve ter espessura de pelo menos 7,5cm.
Em adição, o horizonte B textural deve ter uma ou mais das seguintes características:
f) presença de horizonte E no sequum, acima do horizonte B considerado, desde que o B não satisfaça os requisitos para horizonte B espódico, plíntico ou plânico; ou
g) aumento de argila do horizonte A para o B suficiente para caracterizar mudança textural abrupta; ou
h) incremento de argila do horizonte A para B, em uma seção de controle definida em função da espessura do horizonte A, suficiente para que a relação textural B/A1 satisfaça uma das alternativas abaixo:
h1 - nos solos com mais de 400g de argila/kg de solo no horizonte A, relação maior que 1,50; ou
h2 - nos solos com 150 a 400g de argila/kg de solo no horizonte A, relação maior que 1,70; ou
h3 - nos solos com menos de 150g de argila/kg de solo no horizonte A, relação maior que 1,80.
i) quando o incremento de argila total do horizonte A para o B for inferior ao especificado no item h, o horizonte B textural deve satisfazer a uma das seguintes condições:
i1) solos de textura média ou arenosa/média, com ausência de macroagregados devem apresentar cerosidade
moderada, sob forma de revestimentos nos grãos individuais de areia.
i2) solos com horizonte B de textura média e estrutura prismática ou em blocos moderada ou mais desenvolvida devem ter cerosidade no mínimo moderada em um ou mais suborizontes, da parte superior do B.
i3) solos com horizonte B de textura argilosa ou muito argilosa e com estrutura prismática ou em blocos devem apresentar cerosidade no mínimo comum e moderada em um ou mais suborizontes, da parte superior do B.
i4) solos com relação textural B/A igual ou maior que 1,4, conjugado com presença de fragipã dentro de 200 cm da superfície desde que não satisfaça os requisitos para B espódico.
j) se o perfil apresentar descontinuidade de material originário entre os horizontes A ou E e o B textural ou se somente uma camada arada encontra-se acima do B textural, este necessita satisfazer um dos requisitos especificados nos itens h e/ou i.

Nota: os horizontes B textural e B nítico não são mutuamente exclusivos. A distinção entre ARGISSOLOS e NITOSSOLOS é feita pelos teores de argila, pelo gradiente textural e pela diferenciação de cor no solo (policromia), conforme critérios constantes na definição de NITOSSOLOS.

Horizonte B latossólico - horizonte mineral de avançado estágio de intemperização, com alteração quase completa dos minerais primários menos resistentes ao intemperismo e/ou de minerais de argila 2:1, seguida de intensa dessilicificação, lixiviação de bases e concentração residual de sesquióxidos, argila do tipo 1:1 e minerais primários resistentes ao intemperismo. Deve atender a todas as características abaixo relacionadas:
a) estrutura forte muito pequena a pequena granular (microestrutura), ou blocos subangulares fracos ou moderados;
b) espessura mínima de 50cm;
c) menos de 5% do volume que mostre estrutura da rocha original, como estratificações finas, ou saprólito, ou fragmentos de rocha semi ou não intemperizada;
d) grande estabilidade dos agregados, sendo o grau de floculação da argila igual ou muito próximo de 100% e o teor de argila dispersa em água menor que 200 g/kg desde que o horizonte tenha 4g/kg ou menos de carbono orgânico, e não apresente ΔpH positivo ou nulo, tendo comportamento atípico, horizontes com maior teor de C-org. (geralmente BA), horizontes com cargas tendendo para ou com saldo eletropositivo ou horizontes de textura média, próximos à classe de textura arenosa;
e) textura franco arenosa ou mais fina, teores baixos de silte, sendo a relação silte/argila, na maioria dos suborizontes B, inferior a 0,7 nos solos de textura média e 0,6 nos solos argilosos ou muito argilosos;
f) relação molecular SiO2/Al2O3 (Ki) igual ou inferior a 2,2, sendo normalmente menor que 2,0;
g) menos de 4% de minerais primários alteráveis (menos resistentes ao intemperismo) ou menos de 6% de muscovita na fração areia, porém referidos a 100 g de TFSA, podendo conter, na fração menor que 0,05mm (silte + argila), não mais que traços de argilominerais do grupo das esmectitas, e somente pequenas quantidades de ilitas, ou de argilominerais interestratificados;
h) capacidade de troca de cátions menor que 17cmolc/kg de argila, sem correção para carbono; e
i) cerosidade, se presente, é no máximo pouca e fraca.

Horizonte B incipiente - horizonte subsuperficial, subjacente ao A, Ap, ou AB, que sofreu alteração física e química em grau não muito avançado, porém suficiente para o desenvolvimento de cor ou de unidades estruturais, e no qual mais da metade do volume de todos os suborizontes não consiste de estrutura da rocha. Deve ter no mínimo 10 cm e apresentar todas as seguintes características:
a) não satisfazer os requisitos para um horizonte B textural, B nítico, B espódico, B plânico e B latossólico, além de não apresentar cimentação, endurecimento ou consistência quebradiça quando úmido, características de fragipã, duripã e horizonte petrocálcico; ademais não apresenta quantidade de plintita requerida para horizonte plíntico e nem expressiva evidência de redução distintiva de horizonte glei;
b) apresenta dominância de cores brunadas, amareladas e avermelhadas, com ou sem mosqueados ou cores acinzentadas com mosqueados, resultantes da segregação de óxidos de ferro;
c) textura franco-arenosa ou mais fina;
d) desenvolvimento de unidades estruturais no solo (agregados ou peds) e ausência da estrutura da rocha original, em 50% ou mais do seu volume;
e) desenvolvimento pedogenético evidenciado por uma ou mais das seguintes condições:
e1 -  teor de argila mais elevado ou cromas mais fortes ou matiz mais vermelho do que o horizonte subjacente; conteúdo de argila menor, igual ou pouco maior que o do horizonte A;
e2 - remoção de carbonatos, i.e., menor conteúdo de carbonato em relação ao horizonte subjacente ou ausência de fragmentos revestidos por carbonato de cálcio.

Horizonte B nítico - horizonte mineral subsuperficial, de textura argilosa ou muito argilosa, sem incremento de argila ou com pequeno incremento, traduzido em relação textural B/A sempre inferior a 1,5. A estrutura, de grau de desenvolvimento moderado ou forte, é em blocos subangulares e, ou, angulares, ou prismática, que pode ser composta de blocos. Apresenta normalmente cerosidade de quantidade e grau de desenvolvimento no mínimo
comum e moderada. Apresentam transição gradual ou difusa entre os suborizontes do horizonte B. Deve atender aos seguintes requisitos:
a) espessura de 30 cm ou mais, a não ser que o solo apresente contato lítico nos primeiros 50 cm de profundidade, quando deve apresentar 15 cm ou mais de espessura; e
b) textura argilosa ou muito argilosa;
c) estrutura em blocos ou prismática de grau de desenvolvimento moderado ou forte, associada a cerosidade em quantidade no mínimo comum e com grau forte ou moderado; ou 
d) no caso de horizonte B nítico em solos Nitossolos Brunos, a estrutura é prismática composta de blocos subangulares e angulares, de grau moderado ou fortemente desenvolvido, e admite-se que a superfície dos agregados seja pouco reluzente (superfícies de compressão). Neste caso observam-se nos cortes de estrada aspecto característico de fendilhamento, indicativo de alta expansão e contração pelo umedecimento e secagem do material de solo, decorrente dos altos teores de argila.

Horizonte B espódico - Horizonte mineral subsuperficial, espessura mínima de 2,5cm, com acumulação iluvial de matéria orgânica, associada a complexos de sílica-Al ou húmus-Al, podendo ou não conter Fe. Pode ser identificado como Bs, Bh ou Bhs, mais o indicativo m quando cimentado. As seguintes características estão associadas a estes horizontes:
Bs – cores vivas de croma alto, indicando que os compostos de ferro são dominantes e há pouca evidência de matéria orgânica iluvial. Em geral, tem matiz de 5YR, 7,5YR ou 10YR, valor 4 ou 5 (no máximo 6), e croma 4 a 8.
Bh – iluviação dominante de complexos matéria orgânica-alumínio, pouca ou nenhuma evidência de ferro iluvial. Dominam cores escuras, com valor <4 e croma <3.
Bhs – iluviação de ferro e matéria orgânica. Em geral, matiz 2,5YR a 10YR, valor/croma 3/4, 3/6, 4/3 ou 4/4. Apresenta uma ou mais das seguintes características:
a) um horizonte E (álbico ou não) sobrejacente e cores úmidas de acordo com um dos itens a seguir:
a1- matiz 5YR ou mais vermelho;
a2 - matiz 7,5YR com valor 5 ou menor e croma 4 ou menor;
a3 - matiz 10YR, com valor e croma 3 ou menor;
a4 - cores neutras com valor 3 ou menor (N 3/ ).
b) uma das cores do item anterior ou matiz 7,5YR com valor 5 ou menor e croma 5 ou 6, ou matiz 10YR com valor 5 ou menor e croma menor que 6 e apresentando uma ou mais das seguintes características:
b1 - cimentação por matéria orgânica e Al, com ou sem Fe, em 50% ou mais do horizonte e consistência firme ou muito firme nas partes cimentadas;
b2 - qualquer cor se o horizonte é continuamente cimentado por uma combinação de matéria orgânica e alumínio com ou sem ferro; consistência quando úmido muito firme ou extremamente firme.

Horizonte B plânico - tipo de horizonte B textural, subjacente a horizontes A ou E, apresentando transição abrupta para os horizontes suprajacentes, normalmente com mudança textural abrupta. Tem estrutura prismática, ou colunar, ou em blocos angulares e subangulares grandes ou médios, e às vezes maciça, permeabilidade lenta ou
muito lenta e cores acinzentadas ou escurecidas. As cores devem atender a pelo menos um dos requisitos:
a) cor da matriz (com ou sem mosqueado):
a1 - matiz 10YR ou mais amarelo, cromas ≤3, ou excepcionalmente 4; ou
a2 - matizes 7,5YR ou 5YR, cromas ≤ 2;
b) cor variegada com pelo menos uma cor apresentando matiz e croma conforme especificado no item a; ou
c) solos com matiz 10YR ou mais amarelo, cromas ≥ 4, combinado com um ou mais mosqueados, tendo cromas conforme especificado no item a.

Horizonte E Álbico - horizonte mineral comumente subsuperficial, no qual a remoção ou segregação de material coloidal mineral e orgânico progrediu a tal ponto que a cor do horizonte é determinada pela cor das frações areia e silte e não por revestimentos nessas partículas. Deve ter no mínimo 1,0 cm de espessura e as seguintes cores:
a) valor no solo úmido maior ou igual a 6 e croma no solo úmido menor ou igual a 3; ou
b) valor no solo seco maior ou igual a 7 e croma no solo úmido menor ou igual a 3; ou
c) valor no solo úmido maior ou igual a 4, valor no solo seco maior ou igual a 5, e croma no solo úmido menor ou igual a 2; ou
d) valor no solo úmido maior ou igual a 3, valor no solo seco maior ou igual a 6, e croma no solo úmido menor ou igual a 2.

OBS: Excluem-se de E álbico horizontes cuja cor clara seja decorrente de calcário finamente dividido, que age como pigmento branco, bem como camadas arenosas (horizonte C), que satisfazem os critérios de cor, mas nas quais não se pode caracterizar um processo pedogenético que leve a remoção de materiais do solo.

Horizonte plíntico - caracteriza-se pela presença de plintita em quantidade igual ou superior a 15% (por volume) e espessura de pelo menos 15cm. As cores da matriz do horizonte têm:
a) matizes 2,5Y a 5Y; ou b) matizes 10YR a 7,5YR e cromas baixos, usualmente até 4, podendo atingir 6 para matiz 10YR. As cores avermelhadas, brunadas, amareladas e esbranquiçadas, que normalmente representam os mosqueados do horizonte e os variegados, apresentam matiz e croma conforme especificações que se seguem:
a) matizes 10R a 7,5YR com cromas altos, usualmente acima de 4; ou
b) matiz 10YR, com cromas muito altos, normalmente maiores que 6; ou
c) matizes 2,5Y a 5Y.

Quando um horizonte atender os requisitos para plíntico e também: B textural, B latossólico, B nítico, B incipiente, B plânico (exceto B plânico de caráter sódico), ou horizonte glei, será identificado como plíntico (precedência taxonômica).

Horizonte concrecionário - constituído de 50% ou mais, por volume, de material grosseiro com predomínio de petroplintita, do tipo nódulos ou concreções de ferro ou de ferro e alumínio. Identificado como: Ac, Ec, Bc ou Cc. Deve apresentar no mínimo 30 cm de espessura. Como no plíntico têm precedência taxonômica.
10) Horizonte litoplíntico - é constituído por petroplintita contínua ou praticamente contínua. Pode englobar uma seção do perfil muito fraturada, mas com predomínio de petroplintita com tamanho mínimo de 20cm, ou poucas fendas separadas umas das outras por 10 cm ou mais. Identificado como F. Deve ter espessura de 10cm ou mais.

Horizonte glei - horizonte mineral subsuperficial ou eventualmente superficial, com espessura de 15cm ou mais, caracterizado por redução de ferro e estado reduzido, por influência do lençol freático durante algum período ou o ano todo. Apresenta evidências de processos de redução, caracterizadas por um ou mais dos seguintes requisitos:
a) dominância de cores, em solo úmido, nas faces dos elementos da estrutura, ou na matriz (fundo) do horizonte, quando com estrutura maciça, de acordo com um dos seguintes itens:
a1 - cores neutras (N1/ a N8/) ou mais azul que 10Y; ou
a2 - para matizes mais vermelhos que 5YR e valores maiores ou iguais a 4, os cromas devem ser iguais ou menores que 1; ou
a3 - para matizes 5YR ou mais amarelos e valores maiores ou iguais a 4, os cromas devem ser menores ou iguais a 2, admitindo-se para solos de matiz dominante 10YR ou mais amarelo, croma 3, que deverá diminuir no horizonte subjacente; ou
a4 - para todos os matizes e quaisquer valores, os cromas podem ser menores ou iguais a 2, desde que ocorram mosqueados de redução.
b) Coloração variegada com pelo menos uma das cores de acordo com um dos itens anteriores.

Quando um horizonte atender os requisitos para horizonte glei e também: sulfúrico, B incipiente, B textural, B nítico e B latossólico, será identificado como horizonte glei (precedência taxonômica).

Horizonte sulfúrico - tem 15cm ou mais e é composto de material mineral ou orgânico com pH em água (1:2,5) de 3,5 ou menor, evidenciando a presença do ácido sulfúrico (j). Apresenta uma ou mais das características:
a) concentração de jarosita; ou
b) materiais sulfídricos imediatamente subjacentes ao horizonte; ou
c) 0,05% ou mais de sulfato solúvel em água.

Horizonte vértico - horizonte mineral que, devido à expansão e contração das argilas, apresenta superfícies de fricção (“slickensides”), em quantidade no mínimo comum e/ou a presença de unidades estruturais cuneiformes e/ou paralelepipédicas, e fendas em algum período mais seco do ano com pelo menos 1cm de largura. Pode coincidir com AC, B (Bi ou Bt) ou C. Deve ter um mínimo de 300g/kg de argila na TFSA e espessura mínima de
20cm. O horizonte vértico tem precedência diagnóstica sobre os horizontes B incipiente, B nítico e glei.

Fragipã - horizonte mineral, endurecido quando seco, contínuo ou presente em 50% ou mais do volume de outro horizonte, normalmente de textura média. Pode estar subjacente a horizonte B espódico, B textural ou álbico. Tem teor de matéria orgânica muito baixo, a densidade do solo é maior que a dos horizontes sobrejacentes e é aparentemente cimentado quando seco, tendo consistência dura, muito dura ou extremamente dura. Quando úmido,
o fragipã tem uma quebradicidade fraca a moderada e os torrões tendem a romperem-se subitamente, sob pressão.

Duripã - horizonte mineral cimentado, contínuo ou presente em 50% ou mais do volume de outro horizonte com grau variável de cimentação por sílica e podendo ainda conter óxido de Fe e carbonato de Ca. Apresentam consistência, quando úmidos, muito firme ou extremamente firme e são sempre quebradiços, mesmo depois de prolongado umedecimento. É um horizonte no qual:
a) a cimentação é forte, de modo que não se quebra, mesmo durante prolongado período de umedecimento;
b) as raízes e a água não penetram na parte cimentada, a não ser ao longo de fraturas verticais que se distanciam de 10cm ou mais.

9 de ago. de 2013

Classificação de Solos - Horizontes Diagnósticos Superficiais

13:19 0 Comments
Resumo feito a partir do livro, Embrapa Solos, (1999, 2006)

Horizonte hístico - tipo de horizonte constituído predominantemente de material orgânico, contendo 80g/kg ou mais de carbono orgânico (C-org). Pode ocorrer à superfície ou estar soterrado por material mineral e deve atender a um dos seguintes requisitos de espessura:
a) maior ou igual a 20 cm;
b) maior ou igual a 40 cm quando 75% (em volume) ou mais do horizonte for constituído de tecido vegetal na forma de restos de ramos finos, raízes finas, cascas de árvores, excluindo as partes vivas;
c) 10 cm ou mais quando sobrejacente a um contato lítico; ou sobrejacente a material fragmentar constituído por 90% ou mais (em volume) de fragmentos de rocha (cascalho, calhaus e matacões).

Horizonte A chernozêmico - horizonte mineral superficial, relativamente espesso, de cor escura, com alta saturação por bases, que atenda às seguintes características:
a) estrutura do solo com agregação e grau de desenvolvimento moderado ou forte, não sendo admitida, simultaneamente, estrutura maciça e consistência quando seco, dura ou mais (muito dura e extremamente dura). Prismas sem estrutura secundária, com mais de 30cm, não são admitidos.
b) a cor do solo é de croma igual ou inferior a 3 quando úmido, e valores iguais ou mais escuros que 3 quando úmido e que 5 quando seco. Para horizonte superficial com 400g/kg de solo ou mais de CaCO3, os limites de valor quando seco são relegados; quanto ao valor quando úmido, o limite é de 5 ou menos;
c) a saturação por bases (V%) é de 65% ou mais, com predomínio do íon cálcio e/ou magnésio; 
d) carbono orgânico é de 6g/kg de solo ou mais. Para horizonte superficial com 400g/kg de solo ou mais de CaCO3, o C-org. é de 25g/kg de solo ou mais nos 18cm superficiais.
e) a espessura, incluindo horizontes transicionais, tais como AB, AE ou AC, é de:
- 10cm ou mais, se o horizonte A é seguido de contato com a rocha; ou
- 18cm no mínimo e mais que um terço da espessura do solum, ou mais que um terço da espessura dos horizontes A+C caso não ocorra B, se estas forem inferiores a 75cm; ou
- 25cm no mínimo, se o solo tiver 75cm ou mais de espessura.

Exemplo de Solo com Horizonte A chernozêmico



Horizonte A proeminente - características comparáveis àquelas do A chernozêmico, no que se refere à cor, teor de C-org., consistência, estrutura e espessura; diferindo pelo V% inferior a 65%.

Exemplo de Solo com Horizonte A proeminente

Horizonte A húmico – horizonte mineral com valor e croma (cor do solo úmido) igual ou inferior a 4 e saturação por bases (V%) inferior a 65%, com espessura e C-org. dentro dos seguintes limites:
a) espessura mínima como a descrita para o horizonte A chernozêmico;
b) teor de carbono orgânico inferior ao limite mínimo para caracterizar o horizonte hístico; e
c) teor total de carbono igual ou maior ao valor obtido pela seguinte equação:
(C-org, em g/kg, de suborizontes A x espessura do suborizonte, em dm) 60 + (0,1 x média
ponderada de argila, em g/kg, do horizonte superficial, incluindo AB ou AC).
Para avaliar se o horizonte pode ser húmico, inicialmente, multiplica-se o teor de C-org. (g/kg) de cada suborizonte pela espessura do mesmo suborizonte, em dm [C-org. (g/kg) de cada suborizonte A x espessura do mesmo suborizonte (dm)]. O somatório dos produtos dos teores de C-org pela espessura dos suborizontes, é o teor de C-org total do horizonte A (C-org. total). A seguir, calcula-se a média ponderada de argila do horizonte A, a qual é obtida multiplicando-se o teor de argila (g/kg) do suborizonte pela espessura do mesmo suborizonte (dm) e dividindo-se o resultado pela espessura total do horizonte A, em dm (teor de argila dos suborizontes A em g/kg x espessura dos mesmos suborizontes em dm / espessura total do horizonte A em dm).
O valor de C-org total requerido para um horizonte qualificar-se como húmico deve ser maior ou igual aos resultados obtidos pela seguinte equação:


C-org total 60 + (0,1 x média ponderada de argila do horizonte A)

Para facilitar a compreensão dos procedimentos acima, é apresentado um exemplo dos cálculos realizados.

Substituindo a média ponderada de argila na equação, tem-se:


C-org total 60 + (0,1 x 220,74) = 82,07.

O valor de C-org. total existente no horizonte A é de 99,78, portanto, maior que 82,07 (considerado como o mínimo requerido para que o horizonte seja enquadrado como A húmico) em função do teor médio ponderado de argila de 220,74 g/kg. Assim, o horizonte usado como exemplo é húmico.
Exemplo de Solo com Horizonte A húmico

Horizonte A antrópico - horizonte formado ou modificado pelo uso contínuo do solo, pelo homem, como lugar de residência ou cultivo, por períodos prolongados, com adições de material orgânico, ocorrendo, às vezes, fragmentos de cerâmicas e restos de ossos e conchas. Assemelha-se aos horizontes A chernozêmico ou A húmico e difere
destes por apresentar teor de P2O5 solúvel em ácido cítrico mais elevado que na parte inferior do solum, ou a presença no horizonte A de artefatos líticos e, ou, cerâmicas, características de ação antrópica.

Horizonte A fraco - horizonte fracamente desenvolvido, seja pelo reduzido teor de colóides minerais ou orgânicos ou por condições externas de clima e vegetação, como as que ocorrem na zona semi-árida com vegetação de caatinga hiperxerófila. É identificado pelas seguintes características:
a) cor do material de solo com valor ≥ 4, quando úmido, e ≥ 6, quando seco;
b) estrutura em grãos simples, maciça ou com grau fraco de desenvolvimento;
c) teor de carbono orgânico inferior a 6g/kg; ou
d) espessura menor que 5cm, não importando as condições de cor, estrutura e carbono orgânico (todo horizonte superficial com menos de 5 cm de espessura é fraco).

Exemplo de Solo com Horizonte A fraco


Horizonte A moderado - horizonte que não se enquadra no conjunto das definições dos demais horizontes diagnósticos superficiais. Em geral, difere dos horizontes A chernozêmico, proeminente e húmico pela espessura e/ou cor e do A fraco pelo teor de carbono orgânico e estrutura, não apresentando ainda os requisitos para caracterizá-lo como horizonte hístico ou A antrópico.

Exemplos de Solos com Horizonte A moderado